Se meu cão é de raça, por que aparecem tantas outras raças no resultado?

18/07/2025

 Todo cão avaliado pela petgenoma recebe seu resultado de composição racial após a comparação com outros cães cujas informações já constam em nosso banco de dados. Ou seja, não existe um conjunto de genes que possamos procurar em seu cão para atestar que ele é 100% desta raça! O nós fazemos é a comparação com cães que temos certeza que são daquela raça, como ilustrado na figura abaixo:

Figura 1
 

Quando o resultado de um cão dá 100% de uma determinada raça, isto acontece porque a petgenoma já possui diversas linhagens desta raça no banco de dados, e assim o DNA do seu cão é reconhecido como igual a um ou mais cães desta raça, como nos 3 exemplos abaixo:

Figura 2

Um outro exemplo é quando detectamos uma mistura de raças, porque parte da genética do cão avaliado é igual à uma raça do banco, e a outra parte, à outra raça do banco, como demonstrado abaixo:

Figura 3

No entanto, quando a raça possui relativa heterogeneidade, tendo várias linhagens diferentes, é possível que a petgenoma não encontre similaridade total entre o DNA do cão analisado com cães do nosso banco. Por exemplo, um cão de raça pode ter somente 75% do seu DNA igual aos cães de nosso banco. Neste caso, nossa análise estatística geraria um cão com 25% de genética desconhecida. Como no exemplo abaixo:

Figura 4

Quando encontramos uma variabilidade genética diferente dos cães do nosso banco, partimos para a etapa de aprofundamento da análise. Nesta etapa procuramos por conjuntos de variantes no seu Pet que sejam similares aos de cães do nosso banco. Digamos que nesse primeiro aprofundamento, apareça o seguinte resultado:

Figura 5
 

Para raças encontradas acima de 10%, significa que conseguimos encontrar misturas de raças que ocorreram de avós para trás na árvore genealógica. Sempre que encontramos mais de 10% de alguma raça, sabemos que isto é estatisticamente significante, e indicativo de ancestralidade recente. Quando fazemos o primeiro aprofundamento e ainda não encontramos similaridade de mais de 10%, procuramos por similaridades mais fracas destes 25%, a princípio desconhecidos, e alguma parte da genética de cada raça do banco. Neste segundo aprofundamento, podemos obter uma grande mistura de raças nesta parcela do DNA do cão analisado, com valores em geral bem abaixo de 10%, como no exemplo abaixo:

Figura 6

Somente encontramos as demais raças porque fizemos esse segundo aprofundamento. É importante entender que estes valores tão pequenos são estatisticamente pouco significantes, e não possuem relação com a ancestralidade do cão! Então existem duas possibilidades de interpretação para este resultado final: 

1) Como as porcentagens são muito menores do que 25%, o bisavô deste cão pode ser MUITO vira lata, ou seja, por muitas gerações não houve um cão de raça na genealogia dele. 

Ou 

2) Estes 25% são de alguma linhagem da própria raça inicial (verde) que não consta em nosso banco de dados! Uma vez que é impossível definir qual das duas opções acima são as corretas, e petgenoma emite um relatório personalizado para estes casos, dando pouca ênfase para estes 25%, como no exemplo abaixo: 

Figura 7

Agora, lembre se que a petgenoma está sempre aumentando o banco de dados com cães de raça brasileiros, o que significa que mais cedo ou mais tarde uma nova linhagem da raça verde será inserida no banco, como no exemplo acima. Veja, que se esta linhagem tiver alta similaridade com aqueles 25% não identificados, o resultado final do cão passa a ser como raça pura! 


Fabiana Michelsen de Andrade

Geneticista especializada em Pequenos Animais
Bióloga, Mestre e Doutora pela UFRGS
Pós-doutorado Biologia Celular e Molecular (Reino Unido) e em Melhoramento Genético Animal (UFRGS)
Sócia fundadora e diretora científica da petgenoma